Quando crescer, quero ser mulher!

Mariana Peixoto Oliveira | 12 C

            É comum associarmos a cor rosa à feminilidade. É uma cor serena, mas carrega diversos preconceitos. Afinal, «É uma cor para meninas!». Desprezei o cor-de-rosa durante muito tempo.

            Em pequena, assumi que, para ser levada a sério, teria de agir como um homem. Então, excluí a palavra “feminina” do meu vocabulário e decidi imitar os homens (ou a ideia que tinha deles): comecei a usar camisolas três vezes maiores que o meu tamanho, a criar gosto por bandas de rock e metal e a dizer tudo o que pensava sem considerar como os outros se sentiriam. Na escola primária, passava os intervalos a jogar futebol com os rapazes, e ficava extremamente furiosa se alguém dissesse para jogar com calma já que tinham uma menina em campo.

            Aos 13 anos, experienciei pela primeira vez aquilo a que chamamos assédio. Mas como? Não era suposto verem-me como uma figura masculina? Foi aí que me dei conta do quão patriarca, machista e sexista a nossa sociedade é. Não adiantara nada eu querer parecer forte aos olhos de quem me via como um ser fraco e vulnerável.

       Desde então, dei-me a conhecer e abracei o meu lado feminino (até aí negado). Finalmente entendi que não havia nada de errado em vestir saias e vestidos, pintar as unhas ou usar maquilhagem. O problema não estava em mim, mas nos preceitos ridículos que despejavam na minha cabeça.

            Agora que estou prestes a tornar-me adulta, compreendo o medo que aquela criança que eu fui sentia. É o mesmo medo que, hoje, eu e tantas outras mulheres sentimos se saímos de casa sozinhas; é a mesma indignação que hoje sentimos quando nos tentam calar a voz; é a mesma dor que hoje sentimos quando uma de nós é maltratada. Ser mulher requer muita força para lutar contra os cânones retrógrados que nos objetificam e que perduram, e é uma pena que várias de nós tenham desistido dessa luta.

            Hoje não desprezo a cor rosa. Se a consideram um sinal de feminilidade, que o seja. Não é sinónimo de fraqueza ou ingenuidade, porque, acreditem, somos muito mais fortes do que pensam. Tenho tido a sorte de conhecer mulheres incríveis que me ensinam, todos os dias, que não há vergonha nenhuma em sermos quem somos e querermos assumi-lo. Mãe, avó, estimadas amigas e professoras, obrigada por me mostrarem, com muito amor e carinho, que sim, somos capazes de fazer tudo (e ai de quem nos diga o contrário). Graças a vocês sei que, quando crescer, quero ser uma mulher.

                                                                                 

 

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